Normal? Anormal? Possivel ou não possível?

O título deste post são as opções que eu e o resto da minha turma tínhamos que escolher para classificar algumas frases ou ações ali descritas, que seriam formas de obter prazer (sem intuito de procriação),  tais como: um homem penetrando o ânus de uma mulher. Eu fui a primeira a dizer: Normal!  Acreditem  ou não, uma meia dúzia de mulheres me olharam entre escandalizadas e incrédulas.. rs.. Não posso negar que até gostei. Alguns ficaram na dúvida, outras concordaram e alguns não quiseram se manifestar.

Qual é o conceito de normalidade?

Por que não é natural? É pecado?

Sexo anal..  Esta simples prática criou tanta polêmica... pois envolve valores pessoais, religiosos, e mexe com uma gama de conceitos pré-concebidos e arraigados em nós, carregados durante toda uma vida, e que muitos nunca tiveram a coragem de discordar.

Imaginem  a reação de todos quanto o professor resolveu tocar em S&M, pois uma das frases falava em “um homem provocar dor em uma mulher”, quando eu disse Normal.. rs.. algumas pessoas não entenderam, e quando percebi eu estava dando quase uma aula sobre S&M.. ai, ai (não resisti..).. Poucas pessoas tiveram uma reação normal, o restante ficou dividido entre achar que “aquilo” era uma doença ou simplesmente não acreditar que realmente pudesse existir alguém que sentisse prazer na dor, na humilhação, ou no simples ato de agradar. O professor ainda chegou a enfatizar que alguns praticantes não realizavam o sexo, a penetração, aí que o povo pirou geral. Fiquei intrigada com este meu professor, que pareceu ter um bom conhecimento sobre bdsm, e que como ele mesmo disse, poderia dar um curso só sobre preconceitos ligados a gêneros e opções sexuais. Eu seria a primeira a  me matricular! Rs  

Esta aula de hoje fez-me refletir o papel do bdsm na mudança e até na formação de algumas opiniões minhas. Vi que o bdsm me tornou uma pessoa mais tolerante, mais consciente das diferenças, mais interessada pela variedade de formas de obtenção de prazer, e principalmente, me tornou mais desinibida, mais confiante.

O bdsm me fez refletir sobre rotulações, paradigmas, mitos, tabus e preconceitos que estão arraigados em nossa sociedade há séculos e que são nada mais do que formas de repressão do pensamento humano, do livre arbítrio. Através da liberação do meu pensamento, fui aos poucos me libertando destas muralhas de medo, ignorância e desrespeito pelo próximo. Nada melhor do que ser vítima do preconceito, do olhar atravessado, da incompreensão, desconfiança, para dar valor a tolerância, ao respeito ao indivíduo e suas opções de vida. A liberdade de se expressar cobra um preço, as vezes muito alto para nós pagarmos. Por isso nos escondemos atrás de Nicks, tudo é obscuro e secreto. Vivemos muitas vezes uma vida dupla, tripla. Mas ainda assim, acredito que é melhor do que continuar aceitando a repressão de nossos prazeres, de nossos desejos. Estamos no caminho...

Não me importei com os olhares de curiosidade, indignação, desaprovação. Ali, plantamos uma pequena sementinha contra o preconceito, seja em relação a homossexualidade, a bissexualidade, ou às várias formas de obter prazer. Deixamos nosso recado de que o primorial é que tudo que seja feito seja consensual, desejado e prazeroso para todas as partes envolvidas e que em nenhum momento tenha o objetivo de trazer prejuízo a ninguém. Afinal, o ser humano está em busca de prazer. Tenho certeza que muitos saíram dali e foram direto para a internet pesquisar... rs